Um dos debates que mais polémica cria entre os próprios monárquicos, a par de questões de sucessão ( e talvez até haja alguma relação), é a da transversalidade, ou não, da Monarquia, e se estende, ou não da Esquerda à Direita.
Pois bem, logo aqui temos um primeiro problema, o da definição de tipo de monarquia que se pretende, com consequências directas, e incontornáveis a meu ver, para o apoio ou recusa do sistema pelas diferentes forças políticas ao longo de todo o espectro político nacional.
Se bem que eu acredite que em certa medida, a monarquia pode ser compatível com ideias de Direita e Centro (e aqui incluo o PS, na sua ala mais moderada e central), dificilmente acredito na possibilidade de existência de um Comunista Monárquico(pelo menos se for de facto um comunista, seguindo todos os preceitos e doutrinas do partido) ou mesmo da ‘facção soarista’ do PS apoiar a Monarquia como solução para Portugal.
Tudo isto não é novidade e a questão que se coloca é, como podemos contornar esta situação e juntar os que estão mais à esquerda e mais à direita num único esforço restauracionista? Será que é viável criar um único movimento agregador, como a Causa Real tenta sem sucesso, ou será que devem existir diferentes grupos, que fieis às suas doutrinas procurem alcançar aqueles que se revêm nas cores desse mesmo movimento?
Um movimento único, ou uma Junta, poderia ser criada como solução para colocar em comunicação todos os diferentes grupos, como um elemento aglutinador de vontades e criador de consensos, mas nunca como estrutura de coordenação única com poderes executivos ou de decisão sobre acções a desenvolver.
Podíamos sempre dizer que o Chefe da Casa Real poderia servir de elemento conciliador e em redor dele se estabelecer a tal ‘Junta’, mas de facto temos o eterno problema da sucessão e até o do reconhecimento, ou não de um qualquer pretendente como líder’ antes da sua aclamação como definido por Lei.
Resta então a ‘Junta’ que independentemente de cores políticas e herdeiros procure coordenar esforços para que se restaure a monarquia, deixando as questões de pormenor para o momento em que elas sejam apropriadas, ou seja após a restauração e reunião de Assembleia Constituinte para definição de uma nova Lei Fundamental e definição do sistema de Aclamação.
O problema que encontro é como podemos aliciar o povo português para a apoiar a Causa Monárquica sem uma clara definição do que se pretende? Como podemos advogar por este sistema, de uma forma coesa sem um fundo comum? A mudança de um Presidente por um Rei, por si só não chega. Exige-se de Portugal e dos monárquicos portugueses algo mais do que ‘coroar a República’ e substituir os chamados ‘boys’.
Devemos esperar que uma facção monárquica ganhe tal relevância que acabe por ofuscar as demais ou devemos antes procurar a união que nos escapa à tanto tempo…talvez desde 1910…