O Conjurado Almirante
Número de Mensagens : 128 Local/Origem: : Lisboa Data de inscrição : 28/12/2006
| Assunto: Ensinamentos de Alfredo Pimenta Ter 25 Out - 17:04:36 | |
| "A nossa aspiração é a Monarquia e, por isso, temos que estar preparados para ela. Não sou revolucionário nem conspirador: O sentido das minhas palavras é muito outro. Não tenhamos ilusões, nem esquecimentos: a situação do Sr. Sidónio Pais não é eterna e, quando ela findar, ou regressa Afonso Costa ou temos uma Monarquia.
Os monárquicos têm pois que estar preparados, não para colocarem nas janelas as bandeiras azuis e brancas, mas para estabelecerem nas suas fileiras uma disciplina segura e uma obediência plena e absoluta ao Rei.
A Monarquia só pôde ser eficaz, só pode trazer a normalidade e a tranquilidade ao país, quando não houver no pensamento de cada um de nós, resíduos republicanos, preocupações liberalistas, aspirações democráticas ou fantasias e quimeras de 1789; só pôde ser eficaz e trazer a normalidade, quando olharmos para o símbolo da nossa causa e dos nossos princípios, e lhe obedecermos inteiramente; quando formos como que um exército que só é perfeito quando obedece ao seu general; quando pusermos o Rei acima das nossas dissenções pessoais, e tão alto que só o vejamos pelas suas altas qualidades de majestade perfeita, e de supremo e legítimo representante da nação; tão alto como ele nunca esteve durante os oitenta anos de constitucionalismo. A Monarquia só pode ser eficaz e trazer normalidade, quando o Rei se não veja obrigado a tirar o poder a um para contentar outro, a dar o poder àquele para contentar aqueloutro; quando não fizermos chegar aos ouvidos do Rei, e nem mesmo aos últimos degraus do seu trono, as nossas questões pessoais, as nossas birras e os nossos despeitos e quando fizermos com que não haja outra coisa senão servidores da nação. É para isto que entendo que todos nos devemos preparar.
Os novos, que não têm ainda a inteligência estragada pelos vícios doutros tempos, que não viram directamente tudo quanto se passou antes do advento da República, devem levar ao espírito dos monárquicos a consciência da necessidade desta orientação. Os velhos que assistiram, e muitos foram cúmplices, ao que se passou, e os que não são nem velhos nem novos, todos esses devem seguir os novos.
Foi com, os novos que o Sr. Sidónio Pais se encontrou e é também com os novos que a Monarquia se há de encontrar.
Eu pertenço a uma geração de sacrifícios, a uma geração de vítimas, que nasceu ouvindo as maiores acusações sem provas, e bebeu essas campanhas negativas e difamatórias como bebemos a água que nos dão ou recebemos o ar que respiramos. Os novos têm de se agrupar e fazer deste país, uma nação com um poder político que seja legítimo e autêntico, cuja força, disciplinada, se estenda do exército à indústria e do operariado às academias, na orientação que eu levo e que levam os meus amigos integralistas.
Só quando a nação atingir esse período encontrará a sua hora de salvação e nova grandeza.
Não se seduzam pelas velhas teorias da Liberdade, Igualdade e Fraternidade que seduziram os nossos pais e com que nos embalaram na infância. Estudem, pensem e reflictam, não se deixando levar por quimeras risonhas de outros tempos. Olhem para o que se passa por essa Europa fora, vejam o que é a disciplina, a organização, a submissão ao poder, o que é o respeito ao mando, o que são as forças organizadas diante de forças improvisadas. Vejam tudo isso e aprendam em tudo isso.
Quando a Nação Portuguesa concentrar em si o máximo de energia e o máximo de disciplina, a nação se salvará. Contribuamos todos para que esse momento não tarde.
Tenho dito." Alfredo Pimenta IN A Situação Política, Conferencia realizada no Salão Nobre da Liga Naval Portuguesa, na noite de 26 Fevereiro de 1918, Lisboa, Livraria Ferreira, 1918
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