MONARQUIA TRADICIONAL
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 OS COMBATENTES E O 10 DE JUNHO

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MensagemAssunto: OS COMBATENTES E O 10 DE JUNHO   OS COMBATENTES E O 10 DE JUNHO EmptyQua 27 Jun - 20:39:28

OS COMBATENTES E O 10 DE JUNHO


Brandão Ferreira (*)

É sabido que em Portugal, por razões várias, que não vou agora analisar, os governantes portugueses, quase sempre têm descurado a Defesa Militar e, por consequência, o apetrechamento e a dignidade das FA's, sempre que não sentem uma ameaça palpável nas fronteiras.
Este tipo de actuação, que é recorrente e atravessa os diferentes espectros políticos das várias épocas, tem acarretado seríssimos dissabores e até dolorosíssimas perdas, para a nossa Nação. E não se tem sabido aprender de uns tempos para os outros, nem com os erros e acertos do passado. É uma estranha maldição que nos persegue e da qual não temos que nos queixar senão de nós próprios.
Estamos hoje em dia, novamente numa situação destas.
Mas, apesar da grande imprudência, chamemos-lhe assim, que se infere do atrás apontado, melhor ou pior, nunca se tinha deixado de aclamar e considerar aqueles que tinham sido chamados a lutar de armas na mão em defesa do todo nacional: os combatentes, com cuja acção quase se confunde a História da nossa Pátria.
Lembro os hospitais que desde os fins do século XVI foram mandados construir para tratar os feridos e doentes militares; a fundação do Lar dos Veteranos Militares em Runa e do Colégio Militar, que são das instituições congéneres das mais antigas em todo o mundo; das recepções
apoteóticas de unidades expedicionárias, como são exemplo, o contingente regressado da Campanha de Roussilhão e daqueles que participaram nas campanhas ultramarinas do fim do século XIX; as grandes homenagens efectuadas a seguir ao termino da I Grande Guerra — que estão na origem da Liga dos Combatentes —, e finalmente as grandiosas comemorações do 10 de Junho no Terreiro do Paço, entre 1963 e 1973. Estes alguns exemplos que respinguei.
Ora tudo isto veio a modificar-se na sequência do golpe de Estado ocorrido em 25/4/74.
Um dramático desatino político e social fez o discurso oficial e até oficioso, abjurar cinco séculos de História; diabolizar as quatro décadas anteriores; deitar fora direitos insofismáveis e Poder Nacional e fazer esta coisa extraordinária e nunca vista, que foi o de assumir as verdades e os interesses dos nossos inimigos e ficar, aparentemente, satisfeitos com isto. O impacto psicológico de todo este vento de loucura, foi de tal forma traumático que ainda hoje, mais de 30 anos passados, estamos longe de ter recuperado de tão dramático lance e a maioria da população está muito arredada de ter a percepção do que verdadeiramente se passou e suas consequências.
Não é de estranhar, por isso, que os mais de 800.000 combatentes da melhor campanha militar que conduzimos desde o tempo do grande Afonso de Albuquerque, sem ajuda de ninguém, lembro, e sem generais ou almirantes importados, fossem remetidos para o silêncio das prateleiras da História.
E pior do que não os homenagear e ignorar foi tentar reduzi-los a coitadinhos, obrigados e enganados a lutar numa guerra sem sentido, atirando-lhes para cima com um sentimento de culpa que os tolhesse até ao fim dos seus dias.
A subversão foi vasta e profunda e só no ano passado, por exemplo, o actual Presidente da República incluiu uma parada militar nas comemorações oficiais do Dia de Portugal...
Um grupo de patriotas, de que é justo destacar o nome do Coronel de Cavalaria Comando, Caçorino Dias, porém, levantou-se contra a iniquidade que tudo isto representava e não deixou morrer a homenagem aos combatentes, nomeadamente, àqueles cuja vida tinha sido sacrificada. Surgiu então a ideia de fazer um monumento aos combatentes do Ultramar, cuja concretização passou, naturalmente, para a Direcção da Liga. Sabemos as vicissitudes porque se teve que passar para o pôr de pé, a que se seguiram novas dificuldades para lá se colocarem os nomes dos que morreram, e dos desencontros ocorridos para a inauguração de um e outro. E todos os anos em que teimosamente, a 10 de Junho, esse grupo de patriotas continua a homenagear os combatentes portugueses, a comunicação social prima pelo silêncio, contando-se muitas
tentativas para acabar com o evento.
E as últimas iniciativas que forças políticas têm levado a cabo, relativamente aos ex-combatentes, representam, quanto a mim, novas formas de desconsideração pois para além de se desenvolverem no âmbito da demagogia partidária, ofendem os verdadeiros combatentes por os quererem comprar com subsídios, distribuição de medalhas a esmo e sindicalização de atitudes. Ainda por cima e para cúmulo, não cumprem parte das promessas feitas, algumas das quais ninguém lhes tinha pedido ou sugerido.
Das muitas razões que poderia avocar para explicar como se chegou ao ponto actual, uma existe que é o cerne de toda a questão: a justeza ou não, das operações que travámos entre 1954 e 1974.
Já conseguimos evoluir da «Descolonização exemplar» para a «possível» e agora até aparece como face mais visível, um conhecido político que tenta explicar, em livro, que o «possível» aconteceu porque os militares se recusaram a combater mas que, todavia, não se podendo ignorar responsabilidades, não se justifica apontar culpados!
Uma visão assaz vesga da História, direi eu.
No entanto, ainda não houve coragem para enfrentar a questão magna que é a de pôr em causa a versão/que virou oficial, de que a guerra não era justa.
A questão é magna não só de per si, mas porque a ser posto em causa a injustiça do combate que travámos, toda a situação política dos últimos 30 anos seria posta em dúvida. Mais ainda, seria a legitimidade, mesmo à posteriori, do golpe de Estado
ocorrido a 25 de Abril de 74, que poderia ser posta em causa, já que o problema agora não seria o derrube de um regime político, mas a ruptura com as bases de uma política nacional que se elevava acima de forças partidárias e concepções políticas do Estado.
Ora eu entendo e os leitores perdoarão se lhes agito as consciências, que o esforço militar (e não só) que o Estado e a Nação (sublinho isto), desenvolveram em tão largo período de tempo, não só foi globalmente competente e eficaz — como aliás reconhecido já internacionalmente —, mas foi em absoluto justo.
É sobre este ponto que peço vénia para me deter por mais um tempo.
Frei Nuno recebeu o embaixador de Castela, em sua cela, amortalhado no hábito.
— «Nunca mais despireis essa mortalha?», perguntou-lhe o castelhano.
— «Só se el-rei de Castela outra vez movesse guerra a Portugal...».
E erguendo-se:
— «Em tal caso, enquanto não estiver sepultado servirei ao mesmo tempo a religião que professo e a terra que me deu o ser.»
Por baixo do escapulário tinha o arnez vestido.
O castelhano, curvando a cabeça, saiu.
D. Nuno Álvares Pereira, Condestável do Reino, mais tarde Beato Nuno de Santa Maria.
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MensagemAssunto: Re: OS COMBATENTES E O 10 DE JUNHO   OS COMBATENTES E O 10 DE JUNHO EmptyQua 27 Jun - 20:41:36

Os primórdios


A campanha virulenta contra Portugal que a maioria da Comunidade Internacional, com especial ênfase para os países do Terceiro Mundo, orientados e apoiados pelo campo comunista, assentava na condenação do colonialismo e no chamado direito dos povos à autodeterminação, chavões que a meteorologia política de então apelidava de «ventos da história».
Vamos, resumidamente, tentar descortinar as principais etapas que nos conduziram a este ponto.
Quando os portugueses, e mais tarde os espanhóis, se abalançaram às Descobertas, o Direito Internacional era baseado na conquista e nas teses de legítima defesa de S. Agostinho. A autoridade supranacional reconhecida como tal, no mundo cristão, era o Papa. No início das suas navegações, os portugueses encontraram territórios inabitados ou povoados por tribos em considerável atraso de desenvolvimento. Como os objectivos expressos eram os de comercializar e de evangelizar, cedo as navegações tiveram a bênção do Papa. Ao começar a sentir-se a concorrência espanhola, apesar dos Portugueses terem já desenvolvido a tese do «maré clausum», que obteve o sanciona-
mento da Santa Sé, assinou-se o Tratado de Tordesilhas, manobra magistralmente conduzida por D. João II, que dividiu o mundo em dois hemisférios (esferas de influência) um português e outro espanhol, afastando estes, definitivamente, do caminho da índia.
Chegados finalmente, à Península Industânica e espalhando-se por todo o Oriente os portugueses encontraram, ao contrário do que tinha acontecido até então, povos com graus de cultura e desenvolvimento avançados.
De imediato, se verificou que as influências árabe e turca impediriam o estabelecimento pacífico da presença portuguesa, pelo que a guerra foi inevitável. O ataque português ao turco, «pelas costas» foi, também, uma acção de estratégia indirecta, visto que aliviou a pressão por estes exercida no Mediterrâneo Oriental, nos Balcãs e na Europa de Leste.
Apesar dos Portugueses terem entrado em contacto com povos evoluídos, não se pode dizer que algum deles constituísse uma nação, pelo que não se deverá concluir que Portugal tenha, de algum modo, atacado um país soberano. A excepção é talvez a China, com a qual (como a confirmar a regra), nunca tivemos disputas territoriais, sendo o caso de Macau ilustrativo da maneira de ser lusitana.
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MensagemAssunto: Re: OS COMBATENTES E O 10 DE JUNHO   OS COMBATENTES E O 10 DE JUNHO EmptyQua 27 Jun - 20:45:36

As primeiras cobiças


Até ao fim do século XV, as potências do Norte da Europa foram essencialmente espectadoras do que se estava a passar, sem embargo de terem iniciado um comércio florescente nos portos da Península Ibérica, com destaque para Lisboa.
Desde o início do século XVI, porém, a guerra de corso entrou a desenvolver-se, tendo a partir da década de 30 começado a criar sérios embaraços à navegação peninsular. Nestas acções destacaram-se Franceses, Ingleses e Holandeses que, deste modo, iniciaram uma actividade de rapina, oficiosamente apoiada.
Com a união das Coroas Portuguesa e Espanhola, a partir de 1580, a situação agravou-se para Portugal. A nossa participação na Armada Invencível destruiu a parte mais considerável da Marinha e voltou contra nós a Inglaterra. Além disso, a decisão castelhana, em 1585, de fechar os portos portugueses ao comércio com os Países Baixos veio a revelar-se catastrófica para os nossos interesses; impedidos de comercializar na Península, os Holandeses criaram companhias comerciais de navegação para buscar os
produtos à origem. O resultado foi que passámos a ser atacados em todo o lado.
Em oposição ao «maré clausum» em 1608, o holandês Ugo Grotius, desenvolveu a teoria do «maré liberam», que defendia que a navegação no Mar Oceano deveria ser aberta a todos os países. Ainda depois da Reforma e do Calvinismo e a par com a centralização do poder real nos diferentes estados, a Santa Sé perdeu o seu poder de intervenção temporal, pelo que o arbítrio dos conflitos passou a ficar, exclusivamente, na força das armas e... na diplomacia.
Em contraponto à teoria do «maré liberam», os ingleses publicaram em 1651, o «acto de navegação», que deu origem ao sistema ou pacto colonial, pelo qual nenhuma mercadoria proveniente de fora da Europa, especialmente das colónias inglesas, podia ser transportada para Inglaterra, senão em navios lá construídos, pertencentes a súbditos britânicos com capitão inglês e três quartos da equipagem, ingleses também.
Em 1822, o Brasil, numa atitude única, nunca antes nem depois seguida por mais nenhum território onde os Portugueses se estabeleceram, declarou a independência. Mas esta esteve directamente relacionada com a ida da Família Real para o Rio de Janeiro, em 1807 e, também, como reacção da Metrópole, já que esta passou a pagar impostos para o Brasil, tendo-se, de algum modo, invertido a situação entre «metrópole e colónia». Em
síntese, foram os «colonizadores» a tornarem-se independentes dos «colonizados». Daí a atitude única. Em qualquer caso, tratou-se de um assunto interno português.
No início do século XIX, surgiu a questão da escravatura e de declarar o seu tráfico como ilícito. Também neste âmbito, Portugal manteve-se pronto a colaborar e também neste âmbito foi atacado e nos quiseram prejudicar.
Com o decorrer do século XIX, assistiu-se a uma autêntica corrida, por parte dos países europeus, a fim de ocuparem territórios no «Ultramar», nomeadamente em Africa, com intentos nitidamente imperialistas. Como nestas coisas é sempre bom arranjar motivos filantrópicos, lançou-se a ideia da missão civilizadora dos europeus, o chamado «fardo do homem branco»! Esta corrida a Africa culminou na Conferência de Berlim, em 1885. Tal conferência destinada a «repartir» a Africa, estabeleceu que os direitos históricos não eram suficientes e que para se ter direito a um território era preciso ocupá-lo efectivamente (quer dizer militarmente). Portugal que em Africa ocupava, de um modo geral, apenas as costas dos territórios onde se estabelecera, foi um dos principais visados com esta medida. Para defender os nossos interesses, iniciamos um esforço muito grande no sentido da expansão para o interior, reconhecimento das regiões mais remotas e envio das expedições militares. Após muitas dificuldades, abnegação e heroísmo conseguiu-se delimitar as fronteiras dos nossos territórios, não sem um percalço de monta: ao tentarmos ligar Angola e Moçambique, chocámos com os interesses ingleses, que pretendiam ligar o Cairo ao Cabo. Foi o Ultimatum de 1890. No entretanto tivemos ainda que resolver – o que conseguimos em termos favoráveis —, algumas cobiças estranhas, a saber: na questão dos territórios de Molembo, Cabinda e Ambriz; quanto à ilha de Bolama; e quanto à baía de Lourenço Marques.
É bom não esquecer que, ao mesmo tempo que alguns Europeus Ocidentais caminhavam para África e se estabeleciam no Oriente, a Rússia estendia-se para Sul e Este, chegando às costas do Pacífico e ao Mar Negro e, os EUA expandiam-se para Oeste. E tanto para Oeste foram que, passando pelo Hawai, chegaram às Filipinas! As Américas Central e do Sul libertavam-se do domínio espanhol, pulverizando-se em inúmeros estados que acaba-
riam por cair no domínio quase neocolonial económico dos EUA.
O final do século XIX e princípio do XX, viram as principais potências europeias negociarem secretamente e por várias vezes, a partilha dos territórios africanos portugueses, na tentativa de resolverem os seus conflitos à nossa custa. No entanto, nenhuma destas congeminações teve consequências.
Com o deflagrar da I Guerra Mundial, porém, o Governo da República acabou por decidir-se pela participação portuguesa, sendo seu principal motivo a salvaguarda dos territórios africanos.
O período entre guerras foi a de acalmia para nós, tendo o governo da altura feito várias reformas em relação ao Ultramar. Sem embargo Portugal teve que lutar seriamente para se defender da extensão do sistema de «mandatos», inventado no seio da então Sociedade das Nações, aos nossos territórios. Eram os «ventos da História» da altura. Antes da segunda conflagração mundial, voltou a haver tentativa por parte dos ingleses em «comprarem» a paz com a Alemanha à custa de territórios ultramarinos portugueses, o que falhou devido à política de Lisboa, agora superiormente dirigida, e à recusa dos alemães em aceitarem territórios que não tivessem sido colónias suas.
A II Guerra Mundial exigiu de Portugal uma actividade diplomática intensíssima, além de um esforço de mobilização militar muito grande de modo a dar corpo à neutralidade proclamada. Os Arquipélagos dos Açores, Madeira e Cabo Verde, foram fortemente reforçados por se recear a eventualidade da sua ocupação. Também se enviaram tropas metropolitanas, em missão de soberania, para Angola, Moçambique, índia e Macau. No conjunto dos territórios Portugueses, apenas Timor, impossível de defender militarmente, foi ocupado pelos Japoneses, tendo a nossa administração sido presa. Este território veio a ser entregue no fim da guerra, não nem se ter que vencer um «excesso de zelo» australiano, indo já uma expedição militar a caminho do território para assumir a soberania.
A partir do fim da II Guerra Mundial deu-se início a uma campanha para expulsar os europeus dos seus territórios nos outros continentes. O desenrolar da guerra abalara o prestígio europeu e pusera um ponto final na «invencibilidade» do homem branco. A expulsão dos europeus começou no Oriente e teve um marco fundamental na independência indiana, em 1947. Um pouco mais tarde, o Pandita Nehru, tomou a liderança dos povos do «Terceiro Mundo», designação pela qual se passou a designar aqueles que se iam libertando do domínio colonial e que tinham como base comum a pobreza e o subdesenvolvimento.
O movimento teve o sue ponto alto na Conferência de Bandung, em 1955, em
que, a Nehru se juntaram dois homens com prestígio internacional: Tito e Nasser.
Na conferência, os povos participantes proclamaram o seu anti-colonialismo militante e o seu não alinhamento em relação aos blocos que tinham as duas super potências como pólos. Este último desiderato veio a revelar-se falacioso, já que a grande maioria destes países (não alinhados) passou, objectivamente a servir os interesses da URSS. As consequências imediatas de todo este movimento que, desde logo, se transmitiu à ONU,
onde a algazarra dos recém novos estados actuava como meio de pressão, foi o abandono, em melhores ou piores condições, pelos países europeus das suas possessões ultramarinas.
Portugal porém, manteve-se de pé, vendo a crise desabar à sua volta, simplesmente afirmando que nada lhe dizia respeito, já que, em termos jurídicos, não possuía colónias, não sendo por isso, abrangido pela política descolonizadora propalada. A Constituição Portuguesa considerava a unidade política do todo nacional e estabelecia os mesmos direitos e deveres para todos os habitantes de todas as parcelas. A título de curiosidade, regista-se que a primeira vez que foi utilizada a expressão «províncias ultramarinas»,
remonta ao ano de 1612. Mas, uma coisa é aquilo que nós pensamos e outra aquilo que os outros pensam e, seja por estar o Governo, na altura, preocupado com o problema da índia, seja por ingenuamente se ter pensado que a paz que se vivia em Africa não iria ser afectada; seja pela atitude típica portuguesa de não acautelar o futuro dando primazia à preocupação de fazer economias, ou por um conjunto das três, o que é um facto, é que as medidas tomadas em Africa ficaram muito aquém do que seria desejável para fazer face à
situação que se veio a verificar.
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MensagemAssunto: Re: OS COMBATENTES E O 10 DE JUNHO   OS COMBATENTES E O 10 DE JUNHO EmptyQua 27 Jun - 20:48:39

O ataque



A subversão veio brutal no dia 15 de Março de 1961, em Angola, se bem que já a 4 de Fevereiro tivesse havido ataques, reivindicados pelo MPLA, em Luanda, a uma esquadra da polícia e a uma prisão.
Assemelhando-se a hordas bárbaras, os guerrilheiros (?!), chacinaram selvaticamente milhares de brancos, pretos e mestiços, em número nunca ao certo determinado. A ideia era provocar o pânico e com este originar a fuga e a quebra da vontade de lutar. Mas o tiro saiu-lhes pela culatra, com a população de Angola a aguentar firme, ajudada pelos magros reforços enviados, de imediato, da Metrópole.
As forças do Exército, entretanto chegadas, coadjuvadas pela Força Aérea e Marinha,
varreram em menos de seis meses todo o Norte de Angola, obrigando os elementos sobre-
viventes a procurarem refúgio em países limítrofes ou, em pequeno número, no mais cerrado das matas. A luta para eliminar estas «bolsas móveis», reforçadas do exterior de quando em vez, durou catorze anos e estava quase concluída em 1974.
A fortaleza de S. João Baptista de Ajuda (de que por certo, já ninguém se lembra), pequena relíquia das grandezas de antanho, ocupada por dois funcionários, a mulher e a filha de um deles e um serviçal (que por sinal se portaram com grande dignidade), foi «invadida» pelo Daomé em 31Jull961, porque pasme-se!, constituía um perigo para a paz mundial...
A 18 de Dezembro de 1961, a União Indiana, depois de usar todos os meios ao seu dispor para obrigar à integração do nosso Estado da índia, invadiu, esse território cinco vezes secular. Como não tinha a força da razão, usou a razão da força e, fê-lo com inusitada desproporção. A resistência portuguesa, mal estruturada, claudicou ao fim de 24 horas, por decisão do Governador local, atendendo à desproporção das forças em presença e
a instâncias do Bispo de Goa, no sentido de evitar perdas civis. A resistência em Damão, na ilha de Angediva, e os combates da Lancha Veja e do Aviso Afonso de
Albuquerque salvaram, no entanto, a Honra da Bandeira. Jamais, porém, deveria o governo português (qualquer governo), ter reconhecido «de Jure», a integração destes nossos territórios na União Indiana, acto que resultou de uma cobarde invasão, seguida da ocupação militar do território de uma Nação soberana.
O início da subversão na Guiné (Janeiro de 1963) em Moçambique (Setembro de 1964), já não nos apanhou totalmente desprevenidos. A situação evoluiu com sorte vária até 1974, ano em que a subversão em Moçambique estava quase esgotada e de modo algum problemática e, na Guiné, oferecia alguns cuidados, sobretudo devido à exiguidade, extensão da fronteira, tipo de terreno e clima do território, bem como ao factos das Forças
Armadas Portuguesas terem perdido, em 1973, a supremacia aérea.
Em mais nenhum território português houve qualquer perturbação de carácter subversivo, havendo apenas a sublinhar uns quantos incidentes em Macau, em 1966, na sequência da «revolução cultural».
Se colocarmos agora a pergunta: estariam os Portugueses a mais em África? A resposta é um não óbvio. Como óbvio, é o sim à questão da licitude da sua presença. Há muitas razões para isto. A primeira, é a dos direitos históricos. Chegámos a África há quase 600 anos, o que não é propriamente o mesmo de termos chegado há meia dúzia de dias. Fomos primeiro por razões geoestratégicas, no sentido de ganharmos apoios que nos defendessem de uma Castela unida a Aragão e, depois, para descobrir o desconhecido, para procurar «pimenta e cristãos». Estabelecemo-nos em muitos lugares e, salvo raras
excepções, sempre iniciámos os contactos com os indígenas, amigavelmente.
Não usurpámos terra a nenhum Estado reconhecido como tal e, se atacámos Turcos e Mouros, era por estes estarem em guerra com a Cristandade. As acções portuguesas não são isentas de erros e críticas mas, em comparação com outros, postos em situações semelhantes, resta-nos a certeza de ter sido bem mais humana a nossa actuação. Além do mais, os acontecimentos têm que ser analisados à luz da época e não segundo os conceitos ético-morais e filosóficos de hoje.
O argumento de que não podíamos ficar com os territórios por lá haver gente antes de nós chegarmos, já está, em parte, respondido acima, mas, se quisermos levar a argumentação ao absurdo, podíamos dizer que nenhum país podia sê-lo hoje pois, antes dos actuais habitantes, quantos outros e de diferentes etnias já lá tinham passado? O Algarve, por exemplo, foi incorporado na Coroa Portuguesa cerca de 200 anos depois de Afonso
Henriques ter individualizado o Condado; porque não é pedida na ONU a descolonização do Algarve?
E quanto aos territórios desabitados como eram a Madeira, os Açores, S. Tomé e Cabo Verde? Têm de ser independentes à guisa de quê? E porquê só Cabo Verde e S. Tomé? Será por nestes a maioria da população ser negra? Mas desde quando é que isso é razão? Será que os EUA vão dar independência a um estado que tenha maioria preta? Isto para não falar nos índios, que foram dizimados (como os bisontes) e vivem, hoje em dia, os que sobraram, em reservas.
A Portugal assistia ainda o direito de estar no Ultramar, pelo modo como colonizou os territórios por onde passou. O termo «colonização» tomou um carácter negativo porque foi associado a «exploração». Ora o termo colonização não deve ser apenas conotado deste modo mas, antes tido como sinónimo de povoamento e desenvolvimento do território.
Aliás, em Portugal continental existiu até 1966, um organismo chamado «junta de colonização interna».
A nossa presença nunca teve um carácter passageiro, mas sim permanente.
Os Portugueses onde chegavam, consideravam terras e gentes como integrados na Coroa Portuguesa. As populações autóctones não eram isoladas dos metropolitanos antes, se promovia a miscigenação (ao contrário do que faziam Ingleses, Holandeses e Franceses). As conversões ao Cristianismo eram muito mais pelo dom da palavra do que pela força, (ao contrário do que acontecia com os Espanhóis).
E, em tudo, e por todo o lado, cedo se desenvolveram formas de tolerância e adaptação que ainda hoje facilmente se podem constatar.
Quanto a questões de integração de populações de outras etnias e de igualdades entre raças e credos, não temos lições a receber de ninguém. Os EUA, que se proclamam os defensores dos Direitos Humanos, quando declararam a independência não libertaram os escravos. Tiveram que passar pela experiência de uma guerra civil, para que a escravatura visse o seu fim, na época em que os Portugueses já há vários anos perseguiam o tráfego esclavagista, como ilícito.
O problema racial nos EUA só começou a ficar resolvido no fim dos anos 60 do século XX, depois de uma vaga de violência racial e amplo debate sobre o tema ter varrido a
Nação. Nessa época, já Portugal tinha no seu Corpo de Oficiais, na Magistratura, na
Cátedra, em todas as actividades, indivíduos de todas as raças. Nem consta que, em qualquer altura, houvesse discriminação nas escolas, transportes, etc, ou pancadaria nas ruas entre indivíduos de pele distinta.
Decerto, a vida criada pelos Portugueses não foi um mar de rosas, mas ninguém disse que a natureza humana é perfeita. O desenvolvimento dos territórios nem sempre foi feito da melhor maneira, nem atempadamente é verdade mas, o desenvolvimento está directamente relacionado com a capacidade da nação para o realizar e, a Portugal ao longo dos séculos, nem sempre foi possível acudir a todos os lados. Mas isso era um problema interno, que só a nós dizia respeito. Sem embargo, para o período agora considerado, não nos parece que houvesse em Africa (excepção para â Rodésia e República da África do Sul) qualquer país que se pudesse comparar positivamente com Angola, Moçambique e Guiné, onde havia guerra, e com Cabo Verde e S. Tomé, onde
sempre reinou a paz. O desenvolvimento conseguido no período de catorze anos que durou a luta, pode dizer-se que suplantou o registado nos últimos quatro séculos, visionando-se a gestação de uma grande comunidade de raças. Este seria o ponto importante que qualquer observador imparcial registaria.
Não se vislumbra assim, qualquer razão imperativa para Portugal abandonar a sua presença fora das fronteiras europeias, a não ser, e essa seria a justificação
primeira, que as populações indígenas ou brancas, quisessem tornar-se independentes. Pode dizer-se, sem receio de errar, que havia pessoas que defendiam a independência. Mas qual era a sua expressão?
Haverá dúvidas de que a agressão veio do exterior e que foi, na sua esmagadora
maioria, apoiada, sustentada e inspirada pelo exterior? Alguém em consciência
pode afirmar, que havia bases permanentes da guerrilha em território nacional?
Não houve um fluxo constante de refugiados que se tinham expatriado sob a ameaça dos primeiros recontros? Não havia um constante aumento do recrutamento local para as Forças Armadas? E, quantas povoações estavam organizadas em auto defesa? Para os mais cépticos, adianto que a Messe Militar de Luanda não tinha sentinelas e que não há memória de ter havido um único rapto de um militar ou de um seu familiar, durante o tempo em que lavrou a guerrilha. Será que isto seria possível caso a maioria da população
ou sequer uma parte significativa da mesma odiasse assim tanto ser portuguesa?
Pode-se ainda alegar que a subversão existiu por ser negada a existência de partidos ou organizações que pudessem advogar uma separação. Mas que país existe no Mundo, por mais democrático que seja, quer permita impunemente a existência de organizações que pratiquem a violência? Acaso a Espanha dá a independência ao País Basco? E a França
permite a secessão da Córsega? E nós, vamos autodeterminar os Açores caso a FLA passe a colocar bombas?
Houve também quem falasse que se devia fazer um plebiscito em cada território. A ideia foi avançada para Goa, e logo recebeu uma negativa da índia. Caso o tivéssemos feito em África, alguém acredita que os nossos inimigos iriam reconhecer algum resultado que não coincidisse com os seus interesses? E, por outro lado, a soberania plebiscita-se? Aceitariam hoje em dia os espanhóis um plebiscito em Olivença?
Em súmula, a Portugal assistia o direito de estar politicamente presente fora da Europa, pela História, pelo sangue, pelas obras, pela razão, pelo esforço civilizador e evangelizador, pela alma criada e pela vontade maioritária das populações. E tinha o dever de o fazer, porque era razão de existência, espírito de sobrevivência, protecção das vidas portuguesas e salvaguarda do património material, moral e espiritual da Nação. O projecto português não era um projecto de passado, mas de futuro. Futuro não só para os Portugueses, já que lhes garantia uma independência e um progresso que de outro modo jamais atingirão, mas também para o Mundo porque a existência de uma sociedade multiracial e pluricontinental que vivesse em harmonia constituiria, no campo dos
princípios e na prática, um dos mais elevados, senão o mais elevado, ideal da Humanidade.
Por isso, caros compatriotas aqui presentes, os nossos combatentes merecem a nossa homenagem, o nosso respeito e o nosso reconhecimento. É por tudo isto que a luta que travámos deve voltar a ser considerada justa!
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MensagemAssunto: Re: OS COMBATENTES E O 10 DE JUNHO   OS COMBATENTES E O 10 DE JUNHO EmptyQua 27 Jun - 20:50:20

Os últimos combatentes não desmereceram da Pátria e não mereciam o final indecoroso das campanhas em que lutaram e se sacrificaram.
Devemos, porém, ter esperança. Primeiro porque a verdade é como o azeite, vem sempre ao de cima.
Segundo, porque depois do PREC, a IM renasceu novamente e nos últimos 15 anos já contamos com quase 30.000 ex-pedicionários para mais de 30 países diferentes. O seu comportamento não deslustra as gerações anteriores.
Mas se devemos ter esperança também devemos lutar por essa esperança. Ela não cai do céu.
Os perigos, as ameaças e os infortúnios não terminaram para Portugal. Carecem de uma vigilância e actuação constantes.
O corneteiro tem que estar pronto a tocar a reunir. E alguém tem que estar preparado para dar a ordem.
Os combatentes, quer estejam no activo, na reserva, ou na reforma, têm que ser como o D. Nuno Álvares Pereira: só dão baixa para a cova!
Glória ao Condestável
Abaixo os traidores
Viva Portugal!

* Ten.Cor.Pilav (Ref)
Em "O DIABO" – 05.06.2007
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